O principal alerta do Movimento “Outubro Rosa” é o de que a detecção precoce do câncer de mama aumenta muito as chances de cura da doença. Para facilitar o diagnóstico de tumores em estágio inicial, o Ministério da Saúde recomenda que toda mulher entre 50 e 69 anos realize a mamografia a cada dois anos. Já a para a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o exame deve ser feito a partir dos 40 anos de idade.
Sobre o câncer de mama em mulheres jovens fora da faixa de rastreamento, o cirurgião oncológico André Bouzas sinaliza dois artigos de grande relevância científica. O primeiro, intitulado “Câncer de mama em mulheres jovens: análise de 12.689 casos”, conclui que no Brasil, 62,8% das mulheres jovens com câncer de mama apresentam estágio avançado do tumor no momento do diagnóstico. As jovens, com menos de 35 anos, apresentam pior resposta terapêutica que aquelas entre 35 e 39 anos.
“Quando a mulher apresenta sintomas mamários, ainda que não esteja na faixa de risco, ela deve consultar um médico para investigação o quanto antes. O rastreamento para mulheres com mais de 40 deve ser feito com regularidade independentemente de sinais ou sintomas”, destacou o diretor do núcleo de cirurgia oncológica do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
Mortalidade
O segundo artigo, cujo título é “O aumento da mortalidade por câncer de mama em mulheres jovens: análise de tendências no Brasil”, mostra que as mortes por câncer de mama apresentam tendência crescente no país. O estudo aponta, ainda, que a região Nordeste teve o maior aumento de casos tanto entre jovens mulheres quanto entre mulheres de maior idade no período avaliado.
“Ficou evidenciado pelos resultados deste estudo que a mortalidade em mulheres mais jovens no país (20-49 anos) está ganhando relevância e, por sua vez, persistem as altas taxas em mulheres de 50-69 anos. Sendo assim, é preciso que estejamos atento a essa evolução do número de casos e ter um olhar diferente também para essa faixa etária. No artigo é sugerido que “As estratégias de triagem para a incidência e mortalidade por câncer de mama também devem ser repensadas de acordo com a faixa etária do país”.
Além da idade, entre outros fatores que aumentam o risco do câncer de mama destacam-se o excesso de peso corporal, o consumo de bebida alcóolica, não ter tido filhos, primeira menstruação antes dos 12 anos, menopausa após os 55 anos, uso de contraceptivos hormonais, reposição hormonal pós-menopausa, histórico familiar de câncer de mama ou ovário e alterações genéticas.
“Para as pacientes mais jovens, o risco maior existe nas mulheres que possuem um componente genético conhecido como mutação dos genes BRCA 1 e 2”, frisou André Bouzas. Fatores relacionados a essas alterações ou aqueles associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são evitáveis. Em qualquer caso, quanto antes o tratamento for iniciado, melhor.
Tratamento
O cirurgião oncológico destaca que o tratamento do câncer de mama exige não só uma equipe oncológica multidisciplinar, mas também multiprofissional, composta de nutricionistas, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas.
“É muito importante que os profissionais que lidam com uma doença tão grave e com um estigma tão grande estejam preparados para dar essa notícia ao paciente. Existem técnicas, como o protocolo SPIKES, que nos ajudam a transmitir a informação de maneira mais leve. Além disso, se faz necessário ter um olhar de compaixão, se colocar no lugar do outro, ter empatia. Tratar um câncer é mais do que curar, é acolher, reabilitar funcional e psicologicamente”, declarou Bouzas.
Este cuidado o médico teve com a professora de artes Maria Isabel Oliveira, que descobriu o câncer de mama aos 47 anos. Ela conta que desconfiou que havia algo errado quando percebeu feridas ao redor da mama. Sem perder tempo, foi ao hospital, onde realizou exames que confirmaram o diagnóstico.
“Como um anjo que Deus colocou no meu caminho, o doutor André Bouzas foi me preparando a cada consulta e explicando com muita clareza todo o processo da doença até a cirurgia. Juntamente com a oncologista Melba Moura, eles me prepararam para o processo de quimioterapia com suas reações: perdas de cabelo, sobrancelhas e cílios; náuseas; falta de apetite e perda de peso até chegar a fase da radioterapia e, em seguida, a da cirurgia”, relatou. O acolhimento da equipe multidisciplinar também fez toda a diferença no tratamento da paciente.
“Os profissionais que me acolheram me ofereceram um excelente tratamento e me ajudaram a encarar a doença com confiança e com a certeza de que tudo daria certo”, completou Maria Isabel que, felizmente, está livre da doença.
Redação Vida & Tal
Fonte: Brandão Comunicação