25 de maio é lembrado como o Dia Internacional da Tireoide, e reforça a importância da conscientização das doenças tireoidianas, cuja prevalência é maior na população feminina, segundo uma pesquisa do Sérgio Franco e do CDPI, que fazem parte da Dasa no Rio de Janeiro, a maior rede de saúde integrada do Brasil.
De acordo com a endocrinologista dra. Rosita Fontes, que conduziu a análise, os dados mostraram que, dos pacientes com alterações na função da tireoide – hipotireoidismo ou hipertireoidismo, 77% eram mulheres. Outro achado mostrou que há tendência de aumento das alterações da tireoide com o avanço da idade. Assim, há necessidade de avaliação periódica das funções da glândula, principalmente em pessoas sob maior risco, e do acompanhamento médico adequado.
“Mantidos dentro de uma faixa de valores considerada normal, algumas oscilações hormonais periódicas são esperadas para que se mantenha o equilíbrio. No entanto, quando há algum fator ou doença que leve ao desequilíbrio desse controle, esses hormônios se alteram no sangue. Como o TSH reflete melhor as disfunções tireoidianas, sua dosagem é indicada quando for necessário avaliar o funcionamento da tireoide”, explica Rosita Fontes.
Todo cuidado é pouco quando se fala em tireoide
A dra. Rosita alerta para a possibilidade de nem sempre as doenças da tireoide serem evidentes.
“As manifestações clínicas variam de intensidade, podem ocorrer de forma exuberante, sendo facilmente identificadas, ou se apresentar sem sintomas ou com poucos indícios. Principalmente nessas últimas situações, elas podem ser confundidas com outras doenças”, explica a médica.
A doença tireoidiana não tratada adequadamente pode provocar complicações e sequelas importantes no organismo. Por exemplo, no recém-nascido com hipotireoidismo, observam-se alterações permanentes como retardo cognitivo, que não é revertido mesmo se o tratamento for instituído posteriormente. Por isso o teste de triagem neonatal ou teste do pezinho é feito nos primeiros dias depois do nascimento, para que o tratamento seja iniciado o quanto antes e propicie o desenvolvimento normal do bebê.
Nas crianças, a alteração da função tireoidiana pode comprometer o crescimento. Quanto aos nódulos, a conduta dependerá do resultado dos exames analisados pelo endocrinologista: a conduta vai desde apenas observar, sem necessidade de procedimento, até tratamentos mais complexos.
Por isso, o endocrinologista deve sempre ser consultado diante de suspeita de doença de tireoide ou se forem observados resultados alterados de TSH.
A seguir, a especialista responde algumas dúvidas sobre o diagnóstico e a prevenção das doenças da tireoide.
Como é feita a prevenção das doenças relacionadas com a tireoide?
A tireoide é uma glândula endócrina que produz hormônios, cujos principais são o T3, ou tri-iodotironina, e, principalmente, o T4, ou tiroxina. Esses hormônios, em condições normais, são controlados por outro hormônio, o TSH, ou hormônio estimulador da tireoide. A prevenção é feita de diversas formas.
Por exemplo, para prevenir o bócio (tireoide aumentada) endêmico, que ocorre em regiões com deficiência de iodo no Brasil, a lei determina que seja adicionado iodo ao sal de cozinha. Com essa medida, evitamos muitos casos de bócio e de hipotireoidismo, que víamos antigamente.
Como é feito o diagnóstico de doenças da tireoide?
O diagnóstico é feito pela história clínica (anamnese), exame físico realizado pelo médico e testes diagnósticos complementares específicos. Para avaliar se a tireoide está funcionando de maneira anormal, os exames mais frequentemente solicitados pelo endocrinologista são o TSH e o T4 livre.
Em alguns pacientes, pode ser necessária a solicitação de dosagem de anticorpos antireoidianos. Existem outras investigações que estão disponíveis e são solicitadas em situações específicas e complementares, como os exames de imagem.
Quais são os sintomas de doenças associadas à tireoide?
Os sintomas no hipotireoidismo, em que a produção dos hormônios tireoidianos está diminuída, são: desânimo; sonolência; sensação de frio; diminuição da memória; câimbras; inchaço; anemia; colesterol alto; queda de cabelo; unhas fracas; pele seca e constipação intestinal, entre outros sinais.
Ao contrário, no hipertireoidismo, ocorre aumento da produção hormonal e o corpo funciona de forma acelerada. Isso se manifesta por meio de nervosismo; palpitações; insônia; pele quente e com sudorese; tremores das mãos; aumento do apetite com perda de peso corporal e aumento das evacuações, entre outras manifestações. Como esses sintomas e sinais podem ocorrer em outras doenças, um endocrinologista deverá sempre ser consultado em caso de dúvida.
A tireoide pode também estar com seu volume aumentado (bócio) e/ou apresentar um ou mais nódulos, mesmo que sua função de produzir hormônios esteja normal.
Como é realizado o tratamento dessas doenças?
O tratamento do hipotireoidismo é feito com a reposição de hormônio tireoidiano, com doses individualizadas para cada pessoa. O hipertireoidismo pode ser tratado com medicações que diminuem a produção dos hormônios tireoidianos, com iodo radioativo ou com cirurgia.
Os portadores de nódulos devem ser acompanhados, periodicamente, pelo endocrinologista. Dependendo do tamanho do inchaço, o médico avaliará que exames complementares serão necessários (ultrassonografia, punção por agulha fina, testes moleculares etc.).
Conforme o tipo de nódulo e os resultados dos exames, esses pacientes poderão ser submetidos a um procedimento cirúrgico para retirar toda a tireoide ou parte dela. A conduta sempre deve ser orientada pelo médico depois de uma avaliação personalizada do paciente.
Redação Vida & Tal