A dificuldade com cálculos aritméticos, na hora de entender os numerais e aprender como estes e como suas funções funcionam, pode ser um problema além da dificuldade com o tema. João Victorino, especialista em finanças pessoais, explica que existe um distúrbio, identificado por pesquisadores na década de 1940, que impede a pessoa de ter um aprendizado normal sobre a matemática, a discalculia.
“O pesquisador Ladislav Kosc, definiu como ‘uma desordem estrutural das habilidades matemáticas’, derivado de uma falta de equilíbrio entre determinadas áreas do cérebro que controlam os cálculos matemáticos. Nas atuais pesquisas, o surgimento do distúrbio ao desenvolvimento inadequado dessas áreas do cérebro, por problemas genéticos”.
O distúrbio se manifesta no não entendimento da construção dos cálculos, ou no atraso em resolver cálculos muito simples. Pesquisas norte-americanas indicam que até 7% das crianças no ensino fundamental podem apresentar discalculia. Outros estudos associam o TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – a discalculia, apontando um maior aparecimento.
“Nosso dia a dia é repleto de números e podemos imaginar como isso pode dificultar a vida de uma pessoa. Problemas para fazer compras, administrar dinheiro, chegar a tempo nos compromissos e outras situações, como nas crianças ao se divertirem com jogos digitais, pois a dificuldade aparece em contagens simples”, exemplifica o especialista.
Existem alguns tratamentos para esse transtorno, baseados na especialização dos métodos de ensino, ou na prática das habilidades matemáticas de maneira muito mais intensa que a média.
“Alguns especialistas ainda estabelecem protocolos de tratamentos específicos, que podem utilizar ritmo e música, desenhos junto aos números e o foco no treino e não necessariamente no resultado final”, comenta o João.
O especialista explica que o desafio de cuidar das finanças pessoais é por si só muito complexo.
“Não temos uma cultura de ensinar sobre isso nas escolas e nem nas famílias, haja vista a quantidade de pessoas endividadas no nosso país. A falta de educação financeira potencializa essa situação. Imagine para quem tem o distúrbio da discalculia como que se torna a qualidade de vida financeira! Isso é muito impactante. Precisamos estudar mais sobre o tema e criar alternativas de apoio e tratamento que apoiem essas pessoas” explica o especialista.
A discalculia também pode ser identificada em adultos e tem características iguais às das crianças com o distúrbio.
“O mais correto é procurar um médico, caso desconfie que a dificuldade com os números é acima do normal, atrapalhando sua capacidade cognitiva de entendimento dos números”, conclui João Victorino.
Redação Vida & Tal