Dia 28 de julho é o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a cada ano são diagnosticados 10 mil novos casos de hepatite B e 23 mil mortes por conta da doença, na região das Américas. Para a hepatite C, os números são ainda mais impressionantes: 67 mil novos casos registrados a cada ano e 84 mil mortes. Mas é possível reverter essas estatísticas e a OMS tem a meta de eliminar essas doenças até 2030.
A hepatologista Andreia Evangelista, do Centro Avançado Hepatobiliar do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP-RJ), aponta que a prevenção e o diagnóstico precoce são os pontos de partida na luta contra as hepatites virais. A especialista explica que as hepatites são classificadas por letras, de A até E. As mais prevalentes são as hepatites A, B e C.
“A hepatite A não tem tratamento específico e geralmente é aguda e de rápida resolução. Já as hepatites B e C podem se cronificar e, se não forem detectadas e tratadas a tempo, evoluir para doenças mais graves, como cirrose hepática e carcinoma hepatocelular, que é o tumor maligno do fígado”, adverte. Ela ressalta que muitos pacientes demoram a buscar ajuda médica porque as hepatites costumam avançar de forma silenciosa, quase sem sintomas.
“No entanto, alguns pacientes apresentam sintomas mais exacerbados, com icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos, dor no corpo, falta de apetite, vômitos, fraqueza e mal estar geral”, explica.
Quem deve testar?
A detecção da doença pode ser feita por meio de exames de sangue. “As primeiras pistas são as alterações nas enzimas do fígado, principalmente TGO E TGP nos exames laboratoriais. Nos casos com icterícia, há também o aumento das bilirrubinas. Então, seguimos a investigação com a dosagem dos marcadores virais, que são anticorpos e proteínas específicas das hepatites A, B e C. Atualmente, contamos ainda com testes rápidos, que podem ser feitos na ponta do dedo. E como a doença é assintomática na maioria dos casos, é muito importante que todos façam o teste, sobretudo indivíduos que apresentem sintoma ou qualquer alteração das enzimas do fígado”, afirma.
Esses testes podem ser feitos nos postos de saúde. Também existem os centros de testagem e aconselhamento (CTAs), que são locais onde há profissionais treinados para, nos casos positivos, fazer o aconselhamento e indicar o tratamento aos pacientes.
“Vale ressaltar que todas as pessoas que têm os fatores de risco para a exposição aos vírus B e C devem fazer o teste, como profissionais de saúde e pessoas que se expuseram a materiais potencialmente contaminados, como seringas e agulhas não esterilizadas, pessoas que praticam sexo sem proteção ou que têm múltiplos parceiros e aqueles que estão em situação de rua, por exemplo”, enumera. No caso da hepatite C, a maioria das pessoas contaminadas hoje tem mais de 40 anos, então recomenda-se a testagem dessas pessoas, independente do fator de risco.
Prevenção
Em relação à prevenção, a médica esclarece que há vacinas disponíveis contra as hepatites A e B. “É muito importante que todos busquem se imunizar. Além disso, devemos adotar medidas preventivas como, no caso da hepatite A, a lavagem das mãos e higienização dos alimentos e, nos casos da B e C, evitar o compartilhamento de seringas e agulhas, certificar-se sempre da adequada esterilização de materiais ao se fazer tatuagens e piercings, assim como de equipamentos de manicure e pedicure. Nesses casos, o melhor é levar seus próprios utensílios. Outra recomendação importante é praticar sexo seguro e, no caso de uma possível exposição ou fator de risco, testar, para detectar precocemente e dar início ao tratamento o mais cedo possível”, completa a médica.
Estudo recém publicado pela Fundação Getúlio Vargas revela que a criação do Programa Nacional de Hepatites Virais, há exatos 20 anos, pelo Ministério da Saúde, colocou o Brasil em posição de destaque no enfrentamento às hepatites. A iniciativa foi criada antes mesmo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecesse as hepatites virais como problema global de saúde pública e facilitou o diagnóstico e monitoramento de pacientes.
Redação Vida & Tal
Fonte: SB Comunicação.