A Comissão de Ações Sociais Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) chama atenção para o mês de conscientização do câncer colorretal, o Março Azul. O câncer colorretal (CCR), isto é, o câncer que atinge o intestino grosso ou o reto, é um dos tumores malignos mais frequentes no mundo e um dos que mais mata. Nos Estados Unidos da América (EUA), o CCR é o terceiro tipo de câncer mais frequente em homens e mulheres, sendo responsável por 135.430 casos novos e 50.260 óbitos em 2017. A incidência do CCR é de 40,7 casos por 100.000 pessoas e a morte relacionada a este tumor de 14,8/100.000.
A chance de um indivíduo desenvolver esta neoplasia durante a vida é da ordem de 4,3% sendo que a maioria das pessoas tem o diagnóstico a partir dos 50 anos de idade. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou para o ano de 2020, 17.380 casos novos do CCR em homens e 18.980 em mulheres o que corresponde a um risco de 16,83 por 100.000 homens e de 17,90 para cada 100.000 mulheres.
Considerando esses números, no Brasil o CCR é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres e homens, excluindo-se os casos de tumores de pele. É previsto, no Brasil, uma elevação nas taxas de mortalidade relacionadas ao CCR até o ano de 2025 principalmente devido ao processo de envelhecimento da população. Esta tendência deverá ser mais pronunciada nas regiões menos desenvolvidas como Norte, Nordeste e Centro Oeste.
O estádio da doença no momento do diagnóstico é determinante na sobrevida. Assim, enquanto aqueles pacientes com doença restrita à parede intestinal têm sobrevida de 90% em 5 anos, aqueles com doença linfonodal a sobrevida é de 68% caindo para 10% quando existe comprometimento de outros órgãos à distância.
O diagnóstico em fases mais avançadas acarreta pior prognóstico e maiores custos relacionados a procedimentos diagnósticos e terapêuticos (cirurgia, quimioterapia, radioterapia). Apesar do conhecimento da importância do diagnóstico precoce, cerca de 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada.
Prevenção
A prevenção primária inclui uma série medidas que visam a remoção de causa e fatores que implicam na elevação da incidência do câncer colorretal tais como tabagismo, alcoolismo, obesidade, sedentarismo, carnes vermelhas, dieta pobre em fibras. Por outro lado, a prevenção secundária é realizada através de técnicas de rastreamento que buscam diagnosticar lesões benignas com potencial de transformação para câncer ou estes já instalados, mas em fase precoce e ainda com boas chances de cura.
Distintamente dos exames diagnósticos que são utilizados para o esclarecimento da causa de determinados sintomas, como sangramento, mudança do hábito intestinal, desconforto abdominal, perda de peso e anemia que ocorrem em fases mais avançadas com prognóstico reservado, o rastreamento é definido como a busca de doença em pessoas assintomáticas com a finalidade de se diagnosticar alterações pré-malignas ou o câncer em fase inicial cujo tratamento possui melhores resultados.
Diagnóstico precoce
Os critérios para rastreamento de determinada doença estão estabelecidos e o CCR serve como modelo por apresentar características que se enquadram a esses preceitos:
– Doença representa problema relevante em Saúde Pública.
– História Natural bem estabelecida.
– Período pré-clínico bem definido (assintomático) e com duração em que possa ser diagnosticado como lesão pré-maligna (pólipos serrilhados e adenomatosos) ou lesão maligna precoce.
– Benefícios para o paciente e para a saúde pública vindos da detecção precoce e do tratamento devem ser maiores do que aqueles vindos do diagnóstico regular.
– Testes de Rastreamento disponíveis, aceitáveis e confiáveis.
– Custos compatíveis com o investimento no Sistema de Saúde.
– Rastreamento como processo contínuo e sistemático.
A importância do rastreamento do CCR fundamenta-se não somente na possibilidade do diagnóstico precoce, mas, sobretudo no impacto da retirada por endoscopia de lesões pré-malignas, o que reduz em mais de 50% a mortalidade relacionada a esta neoplasia.
Existem várias táticas para o rastreamento do câncer colorretal no que tange aos exames utilizados e faixa etária que deve ser incluída nos programas de rastreamento. Na maioria dos programas o rastreamento se inicia aos 45 ou 50 anos e se estende até os 70 ou 75 anos através da pesquisa de sangue oculto nas fezes. Somente pessoas com exame positivo são encaminhadas para colonoscopia.
Os benefícios do rastreamento do CCR foram reconhecidos há quatro décadas quando se observou o declínio da incidência do CCR a partir da década de 1980. O rastreamento de pessoas com risco médio, isto é, aquelas que não têm antecedente familiar de CCR, reduz a incidência e a mortalidade decorrente deste câncer.
Redação Vida & Tal
Fonte: Comissão de Ações Sociais Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed).