Para ajudar a entender melhor sobre o surto de gripe, em especial provocada pelo vírus da influenza H3N2, o Vida & Tal compartilha uma entrevista realizada pela agência de notícias da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) com o professor, médico infectologista, supervisor da área assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HC-Ebserh, Paulo Sérgio Ramos, sobre os principais sintomas da gripe, formas de prevenção e as diferenças entre a covid-19.
O que é a gripe H3N2?
Dados históricos reportam que os vírus influenza vem causando surtos nos últimos séculos, sendo que o reconhecimento laboratorial só veio ocorrer na primeira metade do século passado e, desde então, diversas epidemias vêm sendo relatadas por algumas modificações genéticas que o vírus vem apresentando nas últimas décadas. Em 2021, nova mutação derivou numa nova linhagem, denominada A (H3N2) Darwin, devido a sua identificação na Austrália e que vem sendo também detectada no Brasil.
Quais os principais sintomas?
Os principais sintomas são febre, tosse, dor de garganta, cefaleia, dor muscular, fadiga. Nos casos graves, pode haver falta de ar que caracteriza a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e até disfunção orgânica múltipla.
Quando devo ir ao hospital?
Caso os sintomas se agravem, tais como desconforto respiratório, persistência de febre por mais de três dias ou retorno da febre após melhora inicial, confusão mental, sonolência, redução da diurese, desidratação, dor muscular muito intensa e descompensação de doenças pré-existentes, como, por exemplo, a asma brônquica.
A vacinação contra gripe protege também do H3N2?
A vacina, empregada na campanha de 2021, contemplou as cepas A (H1n1)/Victoria, A(H3N2)/Hong Kong e B/Washington e teve como meta atingir 3,5 milhões de indivíduos, que correspondeu a aproximadamente 80% da população prioritária (em Pernambuco). Neste ano, com o espalhamento da nova variante A(H3N2)/Darwin, teoricamente, não teríamos a proteção esperada para essa nova cepa; entretanto, tem sido descrito o mecanismo de proteção cruzada, em que os anticorpos obtidos com a versão 2021 da vacina contra influenza nos daria algum grau de proteção. Neste caso em particular, nos preocupa os idosos, imunodeprimidos e portadores de comorbidades, grupos em que os mecanismos imunológicos podem estar comprometidos.
Como nos prevenir da gripe H3N2?
A melhor e mais eficaz medida preventiva ocorre através da vacinação contra influenza de maneira massiva da população. No Brasil, essa campanha inicia entre os meses de maio e junho, através de uma ampla campanha de imunização. É importante ressaltar que o alvo da vacina é prevenir hospitalização e morte entre aqueles que se infectam pelo vírus. Uso de máscaras, isolamento dos infectados e distanciamento físico são também relevantes para deter o espalhamento do vírus influenza.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico inicial é clínico, tendo como critério presuntivo a presença de febre associada à tosse e/ou dor de garganta, acompanhado de outros sintomas como cefaleia, dor muscular, fadiga. Assim exposto, fica claro que o diagnóstico diferencial com covid-19 pode não ser fácil. Desta forma, nos casos suspeitos se recomenda um teste de antígeno (teste rápido) para covid que, resultando negativo, a depender do contexto, indicamos teste de antígeno (teste rápido) ou teste molecular para detecção dos vírus influenza. No momento como a rede pública se encontra em pressão, os testes para influenza têm sido realizados apenas nos casos de SRAG.
Estando com a doença, devo realizar o isolamento em casa, como ocorre com a covid-19?
Sim, caso suspeito ou confirmado, deverá ficar em isolamento respiratório (uso de máscara e distanciamento físico) por dez dias (covid) e sete dias (influenza). Indivíduos imunossuprimidos, devido ao fato de apresentarem um clareamento mais lento destes vírus, necessitam permanecer em isolamento por maior tempo e devem consultar um profissional de saúde para serem orientados.
É possível ser assintomático e estar com a doença?
Sim, nas duas condições, covid e gripe por influenza, indivíduos sem sintomas podem apresentar a condição de transmissor destes agentes. Por isso é tão importante proteger idosos, imunossuprimidos e portadores de múltiplas morbidades.
Qual a duração da doença?
A média de tempo dos sintomas para as duas condições, nos casos leves, fica em torno de cinco a dez dias.
Redação Vida & Tal
Fonte: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).