Muitos associam o papiloma vírus humano (HPV) com o câncer de colo de útero. Ao contrário do que muitos imaginam, a infecção causa vários tipos de câncer também em indivíduos do sexo masculino. A consultora médica da Fundação do Câncer, Flávia Corrêa, alerta que, nos homens, 50% dos cânceres de pênis estão associados ao HPV.
Incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2017 para meninos, a imunização contra o HPV para eles ficou bem abaixo dos 80%, como estimado pelo próprio Ministério da Saúde.
“A vacinação contra o HPV é gratuita nos postos de saúde. Essa baixa adesão é consequência da desinformação. Por isso, as armas para combater essas doenças são o esclarecimento e o aumento da cobertura da vacinação”, aponta a consultora médica da Fundação do Câncer, que é doutora em Saúde Pública pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/Fiocruz.
A especialista destaca, ainda, que os cânceres de ânus (88%) e na região da cabeça e pescoço (31%) estão também associados ao HPV. As lesões diagnosticadas em estágios iniciais apresentam melhores prognósticos. Já nos estágios avançados, a sobrevida tende a apresentar queda para menos de 50% em cinco anos.
De acordo com o cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, muitos casos de câncer poderiam ser evitados com uma atitude simples e que está disponível no SUS e na rede privada: a vacina contra o HPV.
Vacina HPV
O diretor da Fundação do Câncer lembra que, no Brasil, o imunizante contra tipos de HPV que geram câncer está disponível na rede pública para crianças e jovens. A população-alvo primária é de meninas de 9-14 anos e meninos de 11-14 anos, com recomendação de duas doses.
“O que desejamos é conscientizar a população para o uso de preservativo, a vacinação e a importância da consciência sobre a prevenção de tipos de câncer evitáveis”. O médico explica ainda que quando dá sinais, o vírus costuma apresentar além das verrugas, caroços ou feridas na região genital.
“Ao contrário do que muita gente pensa, a ausência de verrugas não significa que uma pessoa não tem HPV, já que, muitas vezes, essas verrugas são microscópicas, não sendo notadas a olho nu. Existem ainda casos em que o HPV não provoca qualquer sintoma, embora a pessoa já esteja contaminada. Por isso, é recomendado o uso de preservativo em todas as relações para evitar a transmissão do vírus para outras pessoas”, orienta Maltoni.
Redação Vida & Tal