Final de ano, festas em família, confraternização entre amigos, praia, férias, comida, churrasco e um alerta – cuidado com a hipertensão! Como já publicamos, a hipertensão aumenta significativamente o risco de doenças cardíacas, cerebrais e renais e é uma das principais causas de morte e doenças em todo o mundo. Pode ser facilmente detectada por meio da aferição da pressão arterial, em casa ou no centro de saúde, e muitas vezes pode ser tratada de forma eficaz com medicamentos de baixo custo.
Lacunas significativas no diagnóstico e tratamento
Embora seja simples diagnosticar a hipertensão e relativamente fácil tratá-la com medicamentos de baixo custo, um estudo revelou lacunas significativas no diagnóstico e tratamento. Cerca de 580 milhões de pessoas com hipertensão (41% das mulheres e 51% dos homens) desconheciam sua condição porque nunca foram diagnosticadas.
O estudo também indicou que mais de metade das pessoas (53% das mulheres e 62% dos homens) com hipertensão, ou um total de 720 milhões de pessoas, não estavam recebendo o tratamento de que precisam. A pressão arterial foi controlada, o que significa que os medicamentos foram eficazes em trazer a pressão arterial aos intervalos normais, em menos de uma em cada quatro mulheres e um em cada cinco homens com hipertensão.
O professor Majid Ezzati, autor sênior do estudo e professor de Saúde Ambiental Global da Escola de Saúde Pública do Imperial College London, disse: “Quase meio século depois de começarmos a tratar a hipertensão, que é fácil de diagnosticar e tratar com medicamentos de baixo custo, é uma falha de saúde pública que tantas pessoas com pressão alta no mundo ainda não estejam recebendo o tratamento de que precisam”.
Homens e mulheres no Canadá, Islândia e República da Coreia tinham maior probabilidade de receber medicamentos para tratar e controlar efetivamente sua hipertensão, com mais de 70% dos hipertensos recebendo tratamento em 2019. Comparativamente, homens e mulheres na África Subsaariana, países do centro, sul e sudeste da Ásia e ilhas do Pacífico são os que têm menos probabilidade de receber medicamentos. As taxas de tratamento eram inferiores a 25% para mulheres e 20% para homens, em vários países dessas regiões, criando uma enorme desigualdade mundial no tratamento.
É encorajador que alguns países de média renda tenham ampliado o tratamento com sucesso e agora estão obtendo melhores taxas de tratamento e controle do que a maioria das nações de alta renda. Por exemplo, Costa Rica e Cazaquistão agora têm taxas de tratamento mais altas do que a maioria dos países de maior renda.
Bin Zhou, pesquisador da Escola de Saúde Pública do Imperial College London, liderou a análise e afirmou que, “embora as taxas de tratamento e controle da hipertensão tenham melhorado na maioria dos países desde 1990, houve pouca mudança em muitas nações da África Subsaariana e das Ilhas do Pacífico. Financiadores internacionais e governos nacionais precisam priorizar a equidade de tratamento global para este grande risco à saúde mundial”.
Nova diretriz da OMS para tratamento de hipertensão
O documento “WHO Guideline for the pharmacological treatment of hypertension in adults”, também lançado nesta quarta-feira, fornece novas recomendações para ajudar os países a melhorarem o tratamento da hipertensão.
Taskeen Khan, do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS, que liderou o desenvolvimento da diretriz, ressaltou: “A nova diretriz global sobre o tratamento da hipertensão, a primeira em 20 anos, fornece a orientação baseada em evidências mais atuais e relevantes sobre o início de medicamentos para hipertensão em adultos.”
As recomendações abrangem o nível de pressão arterial para iniciar a medicação, que tipo de medicamento ou combinação de medicamentos usar, o nível de pressão arterial alvo e com que frequência fazer verificações de acompanhamento da pressão arterial. Além disso, a diretriz fornece a base de como os médicos e outros profissionais de saúde podem contribuir para melhorar a detecção e o controle da hipertensão.
Bente Mikkelsen, diretora do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS, acrescentou que, “seguindo as recomendações desta nova diretriz, aumentando e melhorando o acesso a medicamentos para pressão arterial, identificando e tratando comorbidades como diabetes e doenças cardíacas pré-existentes, promovendo dietas mais saudáveis e atividade física regular e controlando mais estritamente os produtos do tabaco, os países poderão salvar vidas e reduzir gastos com saúde pública”.
Redação Vida & Tal
Fonte: Organização Mundial de Saúde.