Desde 2016, quando foi oficializado pelo Ministério da Saúde, o primeiro mês do ano é dedicado a campanha Janeiro Roxo, em atenção especial às ações educativas sobre a Hanseníase. Somente na última década, foram registrados cerca de 30 mil casos novos da doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O maior número ocorre nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), a hanseníase coloca o Brasil em segundo lugar em número de casos no mundo, atrás apenas da Índia. A SBH pede esforço nacional dos formadores de opinião para que divulguem a campanha e informações sobre a doença, além de adotarem o laço roxo como sinal de alerta contra a doença.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae). É passada pela via respiratória, geralmente em ambientes pouco ventilados e aglomerados, e sem relação com falta de higiene.
O diagnóstico precoce é importante para o controle da doença em estágio inicial, por meio de antibiótico. Mas se a hanseníase evoluir, o medicamento não consegue reverter os danos. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), não há motivos para comemorações, pois o remédio para o tratamento da doença já está em falta no Mato Grosso, Pernambuco, Ceará e Amazonas.
Ainda de acordo com a SBD, entre os argumentos apresentados pelo Ministério da Saúde estão dificuldades de logística de transporte das drogas, que são fabricadas apenas num laboratório na Índia, e falta de insumos básicos para sua produção em nível global. Porém até o momento não foram identificadas situações semelhantes em outros países.
A falta dos medicamentos (clofazimina, dapsona e rifampicina) pode comprometer a recuperação dos casos diagnosticados, que já recebem a medicação de forma periódica.
“Há milhares de pacientes que aguardam a entrega dessas cartelas para darem seguimento aos seus tratamentos. Sem uma solução imediata, essa doença que há muito deveria ter sido erradicada continuará a trazer sofrimento para os brasileiros”, disse o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Heitor de Sá Gonçalves.
O que é hanseníase
É uma doença infecciosa e contagiosa, que causa manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele. A pele também pode ter alteração da sensibilidade e o paciente não sente (ou tem sensibilidade diminuída) calor, frio, dor e mesmo o toque. É comum ter sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades (pés, mãos) e em algumas áreas pode haver diminuição do suor e de pelos. Atenção: o paciente pode ter dificuldades para segurar objetos, pode queimar-se e não sentir ou, por exemplo, perder os chinelos sem perceber. A doença pode provocar o surgimento de caroços e placas em qualquer local do corpo e diminuição da força muscular.
Origem da doença
A hanseníase não é hereditária. É causada pelo bacilo Mycobacterium leprae e sua transmissão acontece de pessoas doentes sem tratamento para pessoas saudáveis, pelas vias aéreas superiores (tosse, espirro, fala).
Diagnóstico
O diagnóstico precisa ser feito o quanto antes. A doença pode ser diagnosticada em uma consulta médica em consultório ou ambulatório. O médico analisa lesões na pele com manchas (partes da pele podem não ter sensibilidade) e alterações neurológicas específicas (dormências e formigamentos).
Tratamento
O tratamento da hanseníase é simples. Em qualquer estágio da doença, o paciente recebe gratuitamente os medicamentos para ingestão via oral – os medicamentos destroem os bacilos. O tratamento leva de seis meses a um ano. Se seguir o tratamento cuidadosamente, o paciente recebe alta por cura. Quanto mais cedo o tratamento, menores são as agressões aos nervos e é possível evitar complicações. O paciente que inicia o tratamento não transmite a doença a familiares, amigos, colegas de trabalho ou escola.
Redação Vida & Tal
Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH)