Planos de saúde devem cobrir o tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), porém pais de autistas têm sofrido com as negativas das operadoras. Várias decisões judiciais em todo o país firmaram jurisprudência sobre o tema e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu ampliar, definitivamente, o alcance de todas as decisões judiciais e os pacientes de todo o país passam a ter direito a número ilimitado de sessões nos seus tratamentos. Mesmo assim, não é o que acontece.
“A criança tem que ter no mínimo 15 horas de intervenção, de terapia comportamental semanal para dar diferença no desenvolvimento. Os planos cobrem um dia, duas horas… E sempre em alguma clínica, nunca domiciliar. Ou seja, os pais ainda ficam como um ioiô, de um lado para o outro durante a semana”, diz a neurologista Thais Demarco, especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por isso, o caminho dos pais de crianças com o transtorno tem sido a batalha judicial.
Há duas semanas, por exemplo, o juiz Claudio Salvetti D’Angelo, de Santo Amaro (SP), condenou um plano de saúde a autorizar, custear e garantir o tratamento médico indicado a uma jovem. “Se há expressa indicação médica para o tratamento do paciente com autismo, a recusa pela operadora do plano de saúde é, sim, abusiva”, justificou. Mas, quanto mais luta nos tribunais, maior o tempo perdido. E ele é fundamental.
“O diagnóstico precoce é a chave para que o tratamento multidisciplinar comece o mais cedo possível. E esse tratamento é o único caminho para que crianças com TEA tenham o máximo de desenvolvimento possível e a melhor possibilidade de qualidade de vida”, explica a Dra. Thais Demarco.